Pessoa e Sociedade
O autor do livro afirma que a
pessoa é um todo, mas não um todo fechado. Mas sim, um todo aberto, que não é
um pequeno deus sem portas e sem janelas como a mónade de Leibniz, ou um ídolo que não vê, não ouve, nem fala. Esse
ponto do texto nos chama atenção por permitir uma interpretação dúbia, e até
mesmo antagônica, no contexto religioso. Mas, preferimos não adentrar, pelo
menos por ora, nesse questionamento. Apenas chamar atenção para essa colocação
de Jacques Maritain.
Voltando a leitura, o autor
descreve que por sua própria natureza, a pessoa tende para a vida social e para
a comunhão, não somente em virtude das necessidades e indigências da natureza
humana, em razão delas cada um tem necessidade dos outros para a sua vida
material, intelectual e moral, também, por causa da generosidade radical
inscrita no próprio ser da pessoa; por ser espírito aberto às comunicações da
inteligência e do amor, o que exige a relação com outras pessoas. Fica o
questionamento dessa afirmação de necessidade intelectual e moral. Entendemos
que a necessidade material engloba as necessidades físicas naturais a todos os
seres. Mas, o intelectual e a moral não surgem com a origem da pessoa e sim,
com a origem da sociedade.
Prosseguindo com a leitura, o
autor expressa, de maneira absoluta que a pessoa não pode está só. O que ela
sabe, quer transmitir. E quer afirmar-se a outras pessoas. Essa necessidade do
homem viver no meio de outros homens, a sociedade forma-se como algo exigido
pela natureza humana. O homem é um animal político, portanto, exige a vida em
sociedade civil e não somente a sociedade familiar. A cidade é uma sociedade de
pessoas humanas. Na realidade, ao observarmos, todo ser vivo busca o convívio
entre seus pares e não somente a pessoa humana.
Jacques Maritain define que a
pessoa é um todo de todos, porquanto a pessoa como tal é um todo. Um todo de
liberdades, porquanto a pessoa implica domínio de si ou independência, não a
dependência absoluta, porque esta é peculiar a Deus. Entendemos que a
independência almejada pela pessoa é a que o torna livre para agir, porém,
jamais isolada
Ele define que a sociedade é um
todo e cujas partes são em si mesmas, outros todos. Visa um bem que lhe é
próprio e também uma obra, distintos do bem e da obra dos indivíduos que a
compõem. Bem e obra que são e devem ser por essência “humanos”. Que se pervertem,
caso não contribuam para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das pessoas
humanas. Podemos interpretar a sociedade como um todo, constituída por outros
todos, já que a pessoa é um todo e a sociedade é constituída por pessoas. Aqui
destacamos a afirmação do autor, que o bem e a obra da sociedade são distintos
do bem e da obra dos indivíduos, portanto, o bem e a obra da sociedade são e
deve ser por essência “humanos”. Paradoxo que revela a indissolúvel relação da
pessoa com a sociedade, e essa propicia à pessoa o bem e a obra de um todo de
todos. Se não contribuírem para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das
pessoas humanas, se pervertem. A separação da natureza humana, distanciando do
Absoluto.
Tudo isso desencadeia a base das
sociedades constituídas e suas premissas, estabelecendo diretrizes e normas que
conduzem a pessoa ao convívio de todos a um bem comum. Na próxima etapa
descreveremos a visão do autor do livro, sobre esse assunto. Boa leitura!